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Mostrando postagens de fevereiro, 2015

Monólogo de Maria

Aqui, de frente ao caixão choro por meu amor perdido. João: meu marido, pai das minhas crianças, trabalhador, meu sustento, minha base. Sabe, João nunca quis muita coisa na vida. Uma casinha, aqui no morro mesmo, com as crianças e uma cerveja no fim de semana. Gente como a gente não pode pedir muito mais do que isso não. Essa história de que quem manda só manda porque se esforçou, ah, isso é mentira, balela. Mais do que o meu João se esforçou? Aguentando desaforo e preconceito num trabalho quase que escravo? Isso sim que é esforço, não o que playboy faz, sendo sustentado pelos pais a vida inteira. Mas são eles que levam os créditos. Eu, Maria, mulher da favela, provavelmente não vou ter um futuro muito diferente da minha mãe que, quando papai morreu de tanto beber, teve que arrumar um segundo emprego pra sustentar a mim e meus cinco irmãos. E mamãe, mulher forte, ainda tinha que aguentar xingamento do povo abastado, dizendo que ela só fazia filho pra ganhar ajuda do governo. Agora, meu