O iminente fim de uma garota sem fé - Giulia Rizzuto Rosa

Já faz algum tempo que eu não estou muito bem. Nada bem, na verdade. Também, pudera! Meus pais se separaram, meu namoro de quase 3 anos acabou, e eu tive que me mudar de cidade. Está pra nascer alguém que aguente tantas repentinas mudanças. E quão repentinas foram! Acho que a mudança de cidade foi a pior, afinal, meus pais já brigavam há meses, e nada mais óbvio que o divórcio. Mas sair de perto dos meus amigos, que estavam me a ajudando a recuperar do baque da separação, ah, isso foi demais pra mim. Em meados do 3º ano, perto da formatura, me fazer mudar de escola e ter de me misturar com gente que eu não tenho a mínima ideia de quem seja é muito duro, estranho e realmente assustador. Pudera eu ter evitado tudo isso, e como eu queria. Se isso fosse evitado, eu não teria perdido minha fé no amor. Sim, pois meus pais, juntos á quase 20 anos, se divorciaram, entoando a temida frase: "Eu não te amo mais". Sou (ou melhor, era) daquela iludida opinião que preza o amor eterno, e que se for verdadeiro é para sempre. Pois é, percebi que não é bem assim. Nada é para sempre. Meus pais, divorciados; meu namorado que professava aos quatro ventos que me amava, me traiu com um garota qualquer do corpo escultural e mente mínima. E a minha auto estima, como fica? E a minha crença incorruptível (até esse momento) no amor e na felicidade? Ela sumiu, essa é a verdade. Tive duas plenas mostras de que o amor é algo raríssimo de se encontrar. Bom, o amor verdadeiro sim, esse é raro. E o amor verdadeiro é algo que, muito bem dito por algum escritor por aí, traz junto a si a verdadeira felicidade. Consequentemente, sem amor não há felicidade. E é assim que estou, vazia, como se um buraco negro interior tivesse sugado todo meu ânimo e minha alegria de viver. É quase isso, ele sugou meu amor, e o tipo mais importante de todos, o amor próprio. Bom, essa infeliz categoria de amor está fadada à acabar a partir do momento em que se é traída e trocada por uma garota qualquer encontrada em um lugar qualquer. Sem autoestima, sem ser amada e sem fé em nada, fica difícil viver. O máximo que é possível é a chamada sobrevivência. Comer, dormir, tomar água e de vez em quando um banho. É o mínimo pra se manter vivo, e não necessariamente saudável. Se morrer por doença, pelo menos houve um motivo.
Mas a verdade é que cansei de esperar essa doença vir e me levar. Cansei de passar 8 meses aqui, me remoendo, definhando, mas nunca chegando ao ponto do meu corpo se cansar. Ô corpo forte! Meu corpo pode aguentar mais uns 2 ou 3 meses disso, mas não minha alma. Meu espírito já fraco quer calma, alívio, silêncio. E tem um jeito de conseguir isso, muito fácil e rápido, por sinal. Sim, aquele revólver que meu pai me deixou de 'herança'. Afinal, não foi um presente tão desafortunado assim. Ele me trará a paz. Bom, isso é o que eu acho.
Bom, essa foi minha despedida.
Ana Clara Oliveira

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