Cansaço
Cansei. Desculpa, mas eu cansei. Cansei de parecer forte,
auto-confiante, simpática, feliz. Cansei de parecer alguém que não sou, mas
gostaria de ser. Cansei de forçar sorrisos. “Quem ri de tudo, no fundo é
triste”, já dizia o ditado. Pois é.
Eu sei dos meus defeitos, das minhas limitações. Sei de tudo
isso. Sei que sou infantil, chata, ignorante, idiota, orgulhosa. Podia ficar
aqui o resto do dia, apenas listando meus milhares de defeitos. Minha auto
estima já é baixíssima. Não me acho bonita, legal, muito menos interessante. Me
odeio pelo fato de não ser bonita/legal/simpática igual as outras pessoas.
Caralho, do que me adianta ser inteligente e tudo, se ninguém vê isso, se
ninguém dá valor? Mano, eu juro que eu faço de tudo para parecer alguém legal de
se conversar. Aí aquela pessoa que faz meu mundo melhor, fode tudo. É. “Não dá
nem pra ser seu amigo”, ele disse. “Então não seja”, eu respondi. Isso me doeu,
fundo no peito. Desde então, as palavras que venho ouvindo desde os meus 10
anos ecoam na minha mente dia e noite, noite e dia. “Você não é o suficiente” “Você
não é o suficiente” “Você não é o suficiente” “Você não é o suficiente”.
Eu sei disso, e o sei muito bem. Sei que não sou o
suficiente nem pra mim mesma. Já me sinto um estorvo pela minha própria
existência, e não preciso que venham me dizer isso. Não preciso que reforcem a
ideia. Não preciso que repitam milhares de vezes que sou um fracasso. Eu sei
disso. E acha que é fácil? Ter que conviver com essa auto-mutilação
psicológica, que mesmo depois de anos lutando, nunca vai embora.
Então me conformei. Me conformei com meus pés e pernas
tortos, com meu olhos desproporcionalmente gigantes, com meu cabelo armado e
grosso, com meu desvio de septo, com meus ossos se destacando por sob a pele,
com tudo em mim. Tudo o que desgosto. E tudo que eu mais gosto.
Isso soou estranho. Mas é essa a melhor definição de mim:
estranha.
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