Desses poemas da vida real

Olá, vou me apresentar
Se eu não fizesse isso, provavelmente não iriam me notar
Enfim, meu nome é Maria, mulher de João
E a minha história vocês ouvirão
Nasci mulher, pobre, na favela
Minha mãe era do lar, mas não do dela
Limpava pros ricos, cozinhava pros ricos
E pra sustentar eu e meus 5 irmãos, ainda fazia uns bicos
Quando eu tinha 2 anos, meu pai saiu de casa
E jogou na minha mãe toda essa responsabilidade, que desgraça!
Não me lembro dele, mas sei que bebia, e batia
E minha mãe, batalhadora, sempre resistia
Depois que ele foi embora, ela deu graças a Deus
Mas sabia muito bem que tinha que duplicar o esforço pra cuidar dos filhos seus
Depois de alguns anos, eu conheci João
Homem honesto, carinhoso, e veio a paixão
Casamos, tivemos duas crianças, estava tudo indo bem
Na nossa casinha no morro com tv, um quartinho e um armazém
Até que João apanhou no serviço, por ser preto, por ser pobre
Disseram que tinha roubado, que isso não era nada nobre
Pobre João, depois de muito ser maltratado, afundou em depressão
E, desencantado, ia se embebedar até cair no chão
Meu apoio não era o suficiente, pedi pra que procurasse uma ajuda decente
Mas João, teimoso, já estava sufocado de tanta dor e, rancoroso, foi-se em sua última noite de bebida.
A tristeza bateu, João bebeu, e logo após isso, cansado de tudo, um suicídio cometeu.
Vou ter que me virar agora, trabalhar mais ainda, botar a cara a tapa lá fora
Por amor as minhas crias, honra a minha mãe e saudades de João.

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